segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sobre um "i"

E ela falou: foi tudo inusitado... Ele logo pegou o dicionário para saber a tradução em italiano de inusitado e compreender o que ela dizia... "Inusuale", sì, sì.
Posso aqui elencar vários outros "is": inconstante, intensa, idiota para justificar o meu inusitado da frase, falo sobre os momentos vividos, as surpresas e a perspectiva que tenho...

Intensa, bom isso eu já sei que sou, até mais que o aceitável pelas pessoas que são menos doidas que eu(ninguém de perto é normal). É verdade que eu quero abraçar o mundo com as mãos, quero tudo pra ontem e por isso vejo o mundo quase sempre pela perspectiva mais tosca até quase no último minuto da prorrogação. Eu me entrego de verdade naquilo que acredito, pra quem eu gosto e isso faz de mim uma pessoa 'i' de intensa.
Mas vamos ao 'i' de inconstante. Segundo Aurélio(sim, eu procuro o significado das palavras no dicionário) inconstante é: 1 - quem muda facilmente de opinião, de atitude, volúvel; 2 – que não é estável, que varia.
Pensei que pudesse ser outra coisa. Então que esse 'i' de inconstante é só porque eu mudo de opinião com freqüência? Se for por causa disso, tudo bem. Mudo mesmo. Todo mundo deveria saber mudar de opinião, significa(pelo lado bom da coisa) que você tem pelo menos a mente aberta, que pelo menos sabe ouvir o outro. Minha natureza inconstante faz de mim uma pessoa pronta pra mudar quando é necessário, quando é melhor para mim e para os outros.
Tudo isso porque até "ontem" eu acreditava em uma coisa mas então descobri que não era bem assim e mudei de opinião. E pelo menos até eu postar esse texto não acredito que vou mudar de novo. Mas se mudar é porque algo me fez ver o que eu ainda não consegui enxergar. Afinal de contas, mil vezes um 'i' de inconstante que um 'i' de idiota.
 
Sì e verità!!!
 
... E comemoramos ontem a nossa primeira semana!!!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre com o que fico

Fico com os sons, as chuvas e a animação da minha vida. Fico com o dia em que eu e minhas melhores amigas celebramos meu aniversário felizes. Fico com a verdade que liberta ouvida de quem te conhece e de quem você quer que te conheça. Fico com os chocolates da páscoa e o cheiro e o sorriso da minha mãe no seu dia.  Fico com o descanso merecido aos domingos. Fico com a lembrança boa de um dos melhores primeiros encontros da minha vida. Fico com a vontade louca de cortar meu cabelo.
Fico com os beijos na boca e a minha pele que arrepiou com a barba roçando nela. Fico com a descoberta de gostar de Los Hermanos e a chegada na minha casa e na minha vida da poodle mais linda e serelepe do mundo, Sam. Fico com as baladinhas que entraram pela manhã. Fico com o reencontro com planos e sonhos antigos. Fico com o abraço gostoso parecendo colo de mãe de uma nova amizade e a gargalhada gostosa da Adriana. Fico com a sensação maravilhosa de chegar em casa depois de dias fora. Fico com a sensação de olhar para trás e sentir saudades. Fico com os telefonemas, torpedos, e-mails, encontros e fotos com todos os meus amigos, adoráveis. Fico com os meus sobrinhos que não largam do meu "pé". Fico com a volta ao blog. Fico com as expectativas e esperanças que sempre transbordam do meu coração.

domingo, 3 de abril de 2011

Pareçe que foi ontem

E foi ontem mesmo...
Fui a reunião de pais(é reunião de pais!!)na escola de meu sobrinho...
Escola essa que também eu estudei quando criança e início da adolescência. Confesso que demorei um pouco a prestar atenção ao diziam lá na frente... escutava uma vozzz ao longeeee. Via mesmo era eu, serelepe, correndo pelos corredores da escola com minha queridas amigas na época: Lu, Lígia e Mec... Bateu uma saudade...
Volto para casa e começo arrumar minha mala, estarei fora durante uma semana, tiro do armário o livro Comer, Rezar e Amar, quando li na orelha do livro que a autora tinha percorrido três países diferentes, numa viagem de auto-conhecimento eu nem pensei duas vezes em comprar. Eu queria ter estórias para contar...


Comprei o livro para ler durante um momento que eu era só leitura, mas não li. Ficou em algum lugar dentro do meu armário. Só comecei a ler ... não passei do 1º capítulo.
 
Agora que volto a tê-lo perto de mim, folheio e paro nessa citação:
"Se você tem a coragem de deixar para trás tudo que lhe é familiar e confortável (pode ser qualquer coisa, desde a sua casa aos seus antigos ressentimentos" e embarcar numa jornada em busca da verdade (para dentro e para fora), e se você tem mesmo a vontade de considerar tudo que acontece nessa jornada como uma pista, e se você aceitar cada um que encontre como professor, e se estiver preparada, acima de tudo, para encarar (e perdoar) algumas realidades bem difíceis sobre você mesma...então a verdade, não lhe será negada." (Elizabeth Gilbert)

Me pareçe que chegou a hora de terminar essa leitura.
E é com essas palavras que de alguma forma me animam que eu termino esse post/declaração oficial da minha crise existencial/emocional tardia dos 30 anos.


Deixa eu ir... viajar... e vale o que minha mãe disse: vc tá indo para ganhar dinheiro e não para gastar!

sábado, 2 de abril de 2011

O invisível

Uma mulher entra no cinema, sozinha. Acomoda-se na última fila. Desliga o celular e espera o início do filme. Enquanto isso, outra mulher entra na mesma sala e se acomoda na quinta fila, sozinha também. O filme começa.
Charada: qual das duas está mais sozinha?
Só uma delas está realmente sozinha: a que não tem um amor, a que não está com a vida preenchida de afetos. Já a outra foi ao cinema sozinha, mas não está só, mesmo numa situação idêntica a da outra mulher. Ela tem uma família, ela tem alguém, ela tem um álibi.
Muitas mulheres já viveram isso - e homens também. Você viaja sozinha, almoça sozinha em restaurantes, mas não se sente só porque é apenas uma contingência do momento - há alguém a sua espera em casa. Esta retaguarda alivia a sensação de solidão. Você está sozinha, não é sozinha.
Então de repente você perde seu amor e sua sensação de solidão muda completamente. Você pode continuar fazendo tudo o que fazia antes - sozinha - mas agora a solidão pesará como nunca pesou. Agora ela não é mais uma opção, é um fardo.
Isso não é nenhuma raridade, acontece às pencas. Nossa percepção de solidão infelizmente ainda depende do nosso status social. Se você tem alguém, você encara a vida sem preconceitos, você expõe-se sem se preocupar com o que pensam os outros, você lida com sua solidão com maturidade e bom humor. No entanto, se você carrega o estigma de solitária, sua solidão triplicará de tamanho, ela não será algo fácil de levar, como uma bolsa. Ela será uma cruz de chumbo. É como se todos pudessem enxergar as ausências que você carrega, como se todos apontassem em sua direção: ela está sozinha no cinema por falta de companhia! Por que ninguém aponta para a outra, que está igualmente sozinha?
Porque ninguém está, de fato, apontando para nenhuma das duas. Quem aponta somos nós mesmos, para nosso próprio umbigo. Somos nós que nos cobramos, somos nós que nos julgamos. Ninguém está sozinho quando curte a própria companhia, porém somos reféns das convenções, e quando estamos sós, nossa solidão parece piscar uma luz vermelha chamando a atenção de todos. Relaxe. A solidão é invisível. Só é percebida por dentro."

Percepção de Solidão - Por Martha Medeiros