segunda-feira, 12 de abril de 2010

E só

Eu mal posso esperar o momento em que serei amada novamente. E que amarei também. Mas de um jeito diferente. E não serão apenas outros olhos, outros beijos e outros cheiros. Será outra eu. Outra Fernanda. Que se doará menos. Que fará menos. E receberá mais. E terá mais. E será mais amada do que ama. É desse amor que eu preciso. Um amor que nunca tive. E agora que meu coração se aquieta e que põe pra fora os últimos resquícios de vários amores, eu me abro finalmente para ser amada e só.

Vc falou para eu não me preocupar...

Espero enfim recriar-me. Novamente. Chegar até aqui foi muito complicado. Pra dizer a verdade ainda estou em processo. Eu não entendo porque sempre me perco no momento em que acho que finalmente me encontrei. É quando baixo a guarda que uma onda vem e me leva novamente ao ponto para onde eu não queria voltar, nunca mais. E sempre estou lá, rendida. Maquiagem borrada, sentada no chão frio e um desespero que deixa tudo preto e branco, muito mais negro que branco, na verdade. É domingo, céu cinza, manhã perdida entre lençóis depois de uma noite em que todos os clichês se uniram para tentar me envolver. Mas eu duvido de clichês, de todos eles. Enquanto grito NÃO, vou caminhando por vontade própria pra fogueira armada por mim mesma, dentro de mim mesma. Eu não fujo simplesmente porque não sei fugir. Mas eu sei que certas coisas boas, muito boas, muito felizes, quase perfeitas e um tanto irreais não são feitas para meninas como eu. Juro, não procurei, mas encontrei. Eu duvido que a felicidade ainda exista. Mesmo que, paradoxalmente, seja isso que sinto agora.

domingo, 11 de abril de 2010

Eu estava errada. O Sonho não acabou. Foi apenas adiado

Vestida na velha calça jeans, usando uma camiseta cinza novinha e com as sandálias recém-compradas que tanto gosta, ela volta para casa.
Na bolsa, celular, chave de casa e comprimidos pra enxaqueca. Acomodou-se na tentativa de tentar dormir. E tentou. Em vão! Era assim, parada no trânsito, observando as luzes de freio piscando que ela tentava pensar. Nem o som do celular ligou. Na cabeça, dúvidas, dívidas com a própria alma que há anos protelava. Buzinas, rádio desligado, pensamentos a mil. E chorou. Lágrimas desesperadas de quem não sabe exatamente quem é. A essa altura da vida. Uma vontade louca de recomeçar.
E foi ali mesmo que ela rezou. Na noite que passava, via-se uma mulher sôfrega com suas sandálias azuis se misturar ao silêncio. Ao silêncio!

Anseios

Se eu pudesse fugiria agora. Pegaria o meu computador, 2 pares de sandálias, todas as minhas calcinhas e umas poucas roupas. Ah, claro, a máquina fotográfica. E sairia por aí. Limparia os poucos reais da conta. Deixaria meu quarto, minha cadela "Prinz" e a maquiagem. Sem destino eu iria andando pra qualquer lugar. Cara lavada, coração vazio, como agora. Tomaria tequilas em bares sujos. Rabiscaria vitrines. Conversaria com estátuas de cera. Tomaria água em bebedouros duvidosos. Dormiria na porta do museu. Acordaria às 11h por um bom tempo. Saltaria de sacadas. Fumaria cigarrinho da moda. Plantaria flores em jardins privados. Seria penetra em fotos de namorados. Lamberia a neve dos arbustos. Roubaria laços de fita. Pediria amigos emprestado, pois sentiria muitas saudades dos meus. E amaria sem medo.